quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Carta Aberta aos Pedros e Paulos deste país

Caros Pedros, Paulos e Zés

Vocês não me conhecem, mas eu conheço-vos, conheço-vos bem, acompanho a vossa "carreira" à anos, lembro-me do independente, das jotas por onde passaram, dos mercados, das promessas, dos submarinos,dos Freeports, dos campeonatos de futebol, dos TGV, dos aeroportos, lembro-me que já foram amigos, que estiveram zangados, que voltaram a ser amigos, lembro-me de tudo.

E lembro-me principalmente, da 1ª segunda-feira pós eleições legislativas, quando (e sabe deus porquê) ganharam as eleições, lembro-me da cara da maioria dos Portugueses. Havia esperança nas suas caras, parecia que finalmente tinha chegado alguém que havia de compor este país, era como se uma brigada da limpeza tivesse chegado a casa, para deixar tudo num brinquinho. Tolos.......

Eu não votei em vocês e naqueles primeiros tempos, quase me senti mal, por não o ter feito, dada era a euforia e a convicção de que com as vossas medidas iriam resolver os problemas. Quem me dera ter estado errada....

Mas não, eu estava certa, não era por aí, o caminho não é esse, tal como se pode verificar com os resultados por vós apresentados dia 15. Mas vocês, insistem, estão cegos, não querem ver que o caminho não é esse....

Com o novo orçamento do estado, anunciaram que me vão roubar mais 8,5% do ordenado. Quem ouvir pensar: "para tanto roubo deve ganhar muito."

Verdade, ganho muito, MUITO pouco, para tudo o que faço, para as habilitações que tenho e principalmente comparado com o contrato que estabeleci e que dizia que a remuneração era outra.

Gostaria de saber se me vão também cortar a mesma percentagem na conta da água, da luz, na prestação da casa, no IMI, na conta do supermercado?

Podem por favor esclarecer-me como é que vou cumprir com as minha obrigações, se tenho menos dinheiro e tenho mais despesas? É que vocês puderam criar um défice para as contas do país, mas eu não posso ter défice, ou tenho dinheiro e tenho as coisas, ou então não tenho e também ninguém me faz fiado, nem me empresta.

Costuma dizer-se que em equipa que ganha, não se mexe. Mas esta equipa, não está a ganhar, esta equipa perde há quase 40 anos. Senão veja-se: é a 3ª vez que pedimos assistencia ao FMI. 3ª vez. Como é possível? E estou certa que não foi mais, porque em 1986 entramos para a CEE hoje UE e desde essa altura que nos choveram milhões para este cantinho à beira mar plantado (que foram muito mal aplicados) e foi dando para equilibrar as coisas.

Portanto vos pergunto, não seria hora de se tentar outra coisa? Outra estratégia? Se fosse uma equipa de futebol, não estaríamos a trocar de treinador e dirigentes? Provavelmente até trocaríamos de presente do clube. 

Mas a culpa é nossa, minha e de todos nós, que ora escolhemos uns, ora outros, sem ter a coragem de experimentar algo diferente. Não me perguntem quem deveríamos escolher. Porque isso digamos que seria a pergunta de 1 milhão de Euros no "Quem quer ser milionário?". Mas sei que estes é que não podem ser. Já deram provas que não são competentes e muito menos sérios.

Vocês não me conhecem, nem a mim, nem a tantos portugueses como eu, trabalhadores e honestos que teremos de fazer das tripas coração para sobreviver com o pouco que nos resta e tentar ter uma vida digna. Não nos conhecem, nem querem conhecer. Mas é pena. 

Podia ser que aprendessem alguma coisa connosco.
Gigi

Sem comentários: